Austenlândia, Shannon Hale

Título: Austenlândia
Título Original: Austenland
Escritora: Shannon Hale
Ano de Publicação: 2007
Editora: Record
Páginas: 236
Gênero: Comédia/Romance/Chick-lit

Austenlândia conta a história de Jane Hayes, uma novaiorquina de 33 anos, que, devido a uma obsessão nada saudável pelas obras de Jane Austen e em especial pelo Sr. Darcy, está solteira. Quando a tia-avó de Jane falece, o testamento revela que ela ganhou uma viagem de férias bastante peculiar: 3 semanas em Pembrook Park, uma propriedade no interior da Inglaterra que simula a vida durante a época de Jane Austen. Jane recebe, então, a oportunidade única de viver como se vivia na Era Georgiana, com direito a espartilhos, jogos de cartas, bordado e atores que garantem um romance durante a estadia. Jane logo se vê dividida entre o ator que faz o papel do Sr. Darcy e o sexy jardineiro da propriedade.

A tradução de Austenlândia para o português foi ansiosamente aguardada pelos fãs de Jane Austen, especialmente após o lançamento do filme baseado no livro, em 2013 (para ler a resenha do filme, clique aqui). Esse ano a Editora Record trouxe o livro para o Brasil em uma edição de boa qualidade, com uma arte de capa bastante charmosa, mas com uma tradução que apresenta problemas em alguns trechos do livro, mas nada tão grave que comprometa a leitura.

Austenlândia cumpre bem o seu papel de livro escrito para entreter e divertir. A leitura é rápida, fluida e divertida, especialmente para os fãs de Jane Austen, já que várias são as referências feitas a sua obra. Em um dos trechos do livro, por exemplo, Jane, depois de ter sido momentaneamente rejeitada por seus pretendentes, afirma que se recusa a ser Fanny Price, referindo-se a uma das heroínas mais sem graça criadas por Austen. Em outro trecho do livro, ela afirma que seu vestido está com 15 centímetros de lama, numa referência que os leitores de Orgulho e Preconceito com certeza entenderão.  

Os personagens, apesar de divertidos, são planos, incluindo a protagonista. O livro é repleto de caricaturas: a mulher rica de meia idade que exige ser tratada como jovem, o alcoólatra que passa a maior tempo do tempo desmaiado no sofá, a velha ranzinza e cricri que implica com todos e por aí vai. Até mesmo Jane pode ser facilmente definida como a mulher de 30 e poucos anos que é obcecada por um personagem fictício. A sensação que temos é a de que estamos em uma peça de teatro cômica, com direito a todos os clichês que a caracterizam, o que é uma pena, já que a obra tinha potencial para ser muito mais do que é. 

Apesar de a ideia por trás do livro ser excelente, ela não é bem desenvolvida, especialmente no que diz respeito aos personagens, o que faz com que o leitor nunca se envolva completamente com a história, mesmo que ela seja indubitavelmente engraçada e divertida. Ao final do livro, ficamos com uma sensação agridoce de que gostaríamos de saber mais sobre aqueles personagens, conhecer melhor suas personalidades e motivações. Jane, por exemplo, tem desde o início do livro o objetivo de superar suas fantasias infantis de que existe um homem perfeito, mas o final do livro chega sem que saibamos se Jane de fato alcançou sua meta. 

A premissa de Austenlândia é inteligente, mas o potencial do livro nunca se concretiza. Ironicamente, o filme foi capaz de dar mais dimensão à história e aos personagens do que o livro, o que é no mínimo estranho, já que a escrita em geral consegue ser mais profunda do que a imagem.

Nota no skoob: 3 de 5 (bom).

Para ler a resenha do filme, clique aqui.

Vídeo no youtube: clique aqui (ou assista aqui embaixo).