domingo, 12 de janeiro de 2014

O Túmulo dos Vagalumes (Projeto 1001 Filmes para Ver Antes de Morrer)


O Túmulo dos Vagalumes é animação japonesa de 1988, do diretor Isao Takahata. O filme conta a história de dois irmãos: Seita, um menino, e Setsuko, uma menina. Após sua casa ser queimada e sua mãe morta em um bombardeio durante a 2ª Guerra Mundial, os dois irmãos são obrigados a sobreviver sozinhos em um Japão praticamente destruído.

Minha experiência com animações japonesas resumia-se, até hoje, aos filmes do diretor Hayao Miyazaki, dos quais o mais famoso no Ocidente é sem dúvida “A Viagem de Chihiro”. Ao contrário de Miyazaki, contudo, Isao Takahata, em O Túmulo dos Vagalumes, nos mostra uma realidade sombria, triste e injusta, ainda que o faça com uma sensibilidade fora do comum.

Esse é o tipo de filme para sorrir e chorar ao mesmo tempo. E isso porque por mais dura que seja a realidade vivida por Seita e Setsuko, as imagens são simplesmente deslumbrantes, os personagens nunca deixam de cativar e a inocência da infância nunca deixa a tela. Assim, se por um lado nos parte o coração ver como essas crianças são atingidas por um guerra que para eles não faz o menor sentido, por outro não podemos deixar de sorrir ao ver que Setsuko é uma criança como qualquer outra e que brinca de amarelinha, soldadinho e super-herói.


Setsuko é sem dúvida a personagem mais real do filme e nem por um segundo suas reações parecem artificiais ou exageradas. Em uma cena linda do filme, por exemplo, ela chora ao descobrir que suas balas preferidas acabaram e, no momento seguinte, sorri ao descobrir que ainda restavam algumas coladas no fundo da embalagem. Qualquer um que tenha convivido minimamente com uma criança reconhecerá essa reação imediatamente.

Seita é obrigado a crescer rapidamente para cuidar de sua irmãzinha e ver os seus esforços para agir de forma adulta é quase doloroso. Por mais que Seita se esforce, tudo o que vemos é uma criança privada de seus sonhos, de seu lar e de sua inocência.

É na injustiça da situação que reside a crítica de Isao Takahata à 2ª Guerra Mundial. Ele não aponta dedos acusadores e nem faz complexas análises da conjuntura política da época, mas nos atinge com algo muito mais visceral, nos fazendo questionar como a natureza humana pode ser acabar provocando algo tão cruel quanto uma guerra. Túmulo dos Vagalumes torna-se, justamente por isso, uma crítica atemporal a qualquer ato de barbárie e à guerra.




2 comentários:

  1. Ótima resenha, Eduarda! A relação carinhosa entre os irmãos é um contraste chocante com a guerra e o lado ruim do ser humano. Creio que seja impossível não se comover com a triste história de Seita e Setsuko. Ele um jovem menino que carrega a pesada responsabilidade de cuidar de si e de sua irmã. Dá muita pena do garoto Ç_Ç Já a pequena destaca-se em todas as cenas. Sua ingenuidade diante do fato dá uma leveza, mas ao mesmo tempo o coração fica apertado. Já assisti “O Túmulo dos Vagalumes” várias vezes e sempre choro um mar de lágrimas. Beijos!

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    1. Dá muita pena dele mesmo, Lulu. Você é corajosa por conseguir assistir o filme várias vezes porque eu acho que não conseguiria rever...

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