segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Ela, o filme (Oscar 2014)


Título Original: Her
Diretor: Spike Jonze
Ano de lançamento: 2013
Gêneros: Comédia-Dramática, Romance e Ficção Científica

Acompanho o trabalho de Spike Jonze como diretor há alguns anos e confesso que sou uma grande fã. Junto com Charlie Kauffman, ele foi responsável por alguns dos filmes mais revolucionários e inovadores dos últimos tempos, a exemplo de "Quero Ser John Malkovitch", que gerou para Jonze a indicação ao oscar de melhor direção, e "Adaptação". "Ela" marca a estreia de Spike Jonze como roteirista e essa estreia não foi não um pouco tímida, já que "Ela" está indicado a cinco óscares, incluindo melhor roteiro original e melhor filme.

"Ela" conta a história de Theodore (Joaquin Phoenix), um homem triste, introspectivo e amargurado que está passando por um divórcio traumático, já que conhece sua ex-esposta (Rooney Mara) desde a infância. Quando uma empresa de informática lança um novo programa de computador dotado de um alto grau de inteligência artificial, Theodore adquire uma unidade e, a partir daí, começa seu relacionamento com "Samantha" (voz de Scarlett Johansson), seu sistema operacional (S.O.) pessoal.

O futuro que "Ela" apresenta, apesar mais evoluído tecnologicamente que o nosso mundo atual, não causa estranheza alguma. Apesar de os computadores serem muito mais inteligentes que os contemporâneos, a ideia de uma sociedade que passa a maior parte do tempo conectada já é uma realidade em muitos lugares, e quando Theodore, no meio da noite, com insônia, encontra on-line uma usuária disposta a fazer sexo virtual, instantaneamente pensamos nas tão famosas salas de papo papo.

Joaquin Phoenix está impecável no papel do infeliz Theodore e é com sensibilidade e sutileza que vai, ao longo do filme, adquirindo um semblante mais joviel e alegre por conta de seu relacionamento com Samantha. Scarlett Johansson também fez um excelente trabalho, já que nunca questionamos as reações de Samantha, por mais que saibamos que ela é um sistema operacional inteligente. Amy (Amy Adams), uma das melhores amigas de Theodore, surge em tela para demonstrar que naquele futuro a relação amorosa entre um ser-humano e um computador é encarada naturalmente, e é apenas com curiosidade que ela pergunta a Theodore se Samantha e ele tem relações sexuais.
  
O tema central de "Ela" é a possibilidade de um ser-humano amar uma máquina. A princípio a ideia parece estranha, mas aos poucos vemos que o relacionamento entre Samantha e Theodore não é muito diferente dos relacionamentos à distância. Theodore é plenamente feliz com Samantha e é somente quando a plausibilidade do relacionamento é colocada em xeque por sua ex-esposa que Theodore entra em crise. Até então, sem especulações de índole racional, Theodore encontrava-se em um dos melhores momentos de sua vida.

"Ela", de forma sempre sensível, nos mostra que tudo o que sentimos é real, sejam esses sentimentos provocados por um computador, um videogame ou uma pessoa. E não é justamente a possibilidade de sentir que nos leva ao cinema e à literatura para viver histórias fictícias? Quantas vezes choramos, sentimos medo ou nos apaixonamos por algo que sabemos de antemão que não é real?

"Ela" faz muito mais do que falar sobre computadores e futuro; é uma reflexão sobre o que é ser humano e o que é sentir, demonstrando que nossa capacidade de amar é muito maior do que imaginamos.   

3 comentários:

  1. Interessante... Entrou pra a lista!!!

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  2. Pena que só ganhou melhor roteiro original, né? Eu particularmente gostei mais de "Ela" do que de "12 Anos de Escravidão", mas já estou acostumada a torcer para filmes que perdem o oscar... Hahahahahahahahaha
    Beijos! Estou sempre acompanhando seu blog e seu canal, Fran.

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