tag:blogger.com,1999:blog-26446244640613381742024-03-12T21:16:53.767-03:00Maquiada na LivrariaEduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.comBlogger87125tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-58707413034196503752016-06-21T20:47:00.000-03:002016-06-21T20:47:32.174-03:00Tag dos 50% | Mid-Year Freak Out Book Tag<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/gtkgi-UiCfE" width="480"></iframe></div>
Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-40462867736691729872016-06-08T12:45:00.002-03:002016-06-08T12:45:42.844-03:00Leituras de Abril<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/xYMtG3GW2lE" width="480"></iframe></div>
Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-73803066687330468912016-04-23T11:08:00.001-03:002016-04-23T11:08:16.055-03:00Na Ilha, Tracey Garvey Graves<br />
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-wMKweBttpKg/Vxt5TAN3xcI/AAAAAAAABME/ZTSBtuP2NgExJnQDBmVRyYGrsMuN7zMzgCLcB/s1600/NA_ILHA_1377896665B.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-wMKweBttpKg/Vxt5TAN3xcI/AAAAAAAABME/ZTSBtuP2NgExJnQDBmVRyYGrsMuN7zMzgCLcB/s1600/NA_ILHA_1377896665B.jpg" /></a><b><span style="color: #990000;">Título:</span> Na Ilha</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Título Original:</span> On the Island</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Escritora: </span></b><b>Tracey Garvey Graves (Estados Unidos)</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Ano de Publicação:</span> 2011</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Editora: </span>Intrínseca</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Páginas:</span> 288</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Gênero:</span> Romance</b><br />
<b style="text-align: justify;"><span style="color: #990000;">Nota:</span><span style="color: magenta;"> </span></b><span style="color: red;">♥ ♥ </span><span style="color: red;">♥ </span><span style="color: red;">♥</span><span style="color: red;"> </span><br />
<span style="color: red;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Ana, uma professora de 30 anos, recebe uma proposta de trabalho irrecusável: ser tutora de T.J., um adolescente de 16 anos que acabou de se curar de um câncer. O salário é excelente e ela passará as <b>férias de verão</b> com a família do garoto, nas paradisíacas <b>ilhas Maldivas.</b> Mas tudo começa a dar errado quando o piloto tem um ataque cardíaco e <b>o avião cai no mar</b>, deixando Ana e T.J. completamente sozinhos em uma ilha inabitada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na Ilha é um <b>romance</b> com todos os clichês do gênero. Se você, como eu, passou muitas de suas tardes assistindo o filme "A Lagoa Azul", então vai reconhecer diversas das situações pelas quais os personagens passam. Mas ainda que a ideia não seja nem um pouco seja original, Tracey Garvey Graves a desenvolve de uma maneira <b>fluida e envolvente</b>, fazendo que com que o leitor torça pelos personagens até o fim. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Não concordo, e provavelmente nunca irei concordar, com os críticos que afirmam que o clichê é um defeito da obra artística. "Na Ilha" é uma prova disto. O clichê é algo que funciona, que deu certo, que vem agradando diversas gerações ao longo dos anos. É claro que o inédito fascina e é sempre divertido brincar com os clichês, como fizeram os filmes "Shrek" e "Frozen", mas um clichê bem desenvolvido também tem o seu lugar, com a vantagem de ser confortável, familiar e agradável.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os personagens são bem desenvolvidos e verossímeis. O romance vai sendo desenrolando com elegância e calma, já que a <b>sobrevivência</b> é a sempre a prioridade neste ambiente hostil. As situações e os ganchos narrativos às vezes são um pouco forçados, mas confesso que só comecei a pensar nisto depois que terminei a leitura, o que evidencia a capacidade da escritora de envolver o leitor, fazendo-o acreditar na história que está sendo contada.<br />
<br />
"Na Ilha" é um livro <b>relaxante e despretensioso.</b> Recomendo para todos aqueles que estão procurando um romance água com açúcar, mas com uma escrita competente e elegante. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<iframe frameborder="0" marginheight="0" marginwidth="0" scrolling="no" src="//ws-na.amazon-adsystem.com/widgets/q?ServiceVersion=20070822&OneJS=1&Operation=GetAdHtml&MarketPlace=BR&source=ac&ref=qf_sp_asin_til&ad_type=product_link&tracking_id=maquinalivra-20&marketplace=amazon&region=BR&placement=8580574021&asins=8580574021&linkId=34EEOHUS5GZ2OXBR&show_border=false&link_opens_in_new_window=true" style="height: 240px; width: 120px;">
</iframe></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-17576466250152890442016-04-20T17:00:00.000-03:002016-06-09T15:40:22.723-03:00Miniaturista, Jessie Burton<br />
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-o5qevZl3Ag0/Vxfajwe9KwI/AAAAAAAABL0/EgOLg9RpRG47h4LYHqdPD2IhOIJhfOzvwCKgB/s1600/MINIATURISTA__1444333706530229SK1444333706B.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-o5qevZl3Ag0/Vxfajwe9KwI/AAAAAAAABL0/EgOLg9RpRG47h4LYHqdPD2IhOIJhfOzvwCKgB/s1600/MINIATURISTA__1444333706530229SK1444333706B.jpg" /></a><b><span style="color: #990000;">Título:</span> Miniaturista</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Título Original:</span> The Miniaturist</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Escritora: </span></b><b>Jessie Burton (Inglaterra)</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Ano de Publicação:</span> 2014</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Editora: </span>Intrínseca</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Páginas:</span> 352</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Gênero:</span> Romance Histórico/Mistério</b><br />
<b style="text-align: justify;"><span style="color: #990000;">Nota:</span><span style="color: magenta;"> </span></b><span style="color: red;">♥ ♥ </span><br />
<b style="text-align: justify;"><span style="color: #990000;"><br /></span></b>
<b style="text-align: justify;"><span style="color: #990000;">Onde:</span></b><span style="text-align: justify;"> Amsterdã, Holanda</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000;">Quando:</span></b> Século XVII (1686 a 1687) </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000;">Contexto Histórico:</span></b> Uma <b>sociedade protestante</b> calvinista extremamente repressora, que limita ao máximo a liberdade de seus cidadãos e incentiva que um vizinho espione os outros. O <b>comércio</b> floresce e os mais hábeis negociadores são também os mais ricos. <b>Guildas controlam o comércio</b> de algumas mercadorias, enquanto outras, como o açúcar e a seda, são de livre circulação, permitindo altos lucros para aqueles dispostos a viajar vendendo seus produtos. As <b>rotas comerciais</b> alcançam toda a Europa, a Ásia e a África. Não há espaço nessa sociedade para mulheres, homossexuais, pobres ou estrangeiros, especialmente se negros. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #990000;"><b>Sobre o que é:</b></span> <b>Petronella Oortman</b>, proveniente de uma família nobre, mas empobrecida, é dada em casamento a Johannes Brandt, um rico comerciante de Amsterdã. Não demora muito até que ela perceba a hostilidade dos habitantes de sua nova casa: a cunhada, Marin, é fria e frequentemente cruel, os empregados são indiferentes e o marido nunca está por perto. A única distração de Nella parece ser mobiliar uma <b>casa de bonecas</b> que ganhou como <b>presente de casamento</b>. O problema é que o <b>miniaturista</b> a quem encomendou os itens parece enviar alguns deles sem que ela os tenha pedido, junto com misteriosos bilhetes. E como esse miniaturista conhece tantos detalhes sobre a casa e seus moradores?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000;">Características/Personagens/Estilo Narrativo:</span></b> Miniaturista é um livro de <b>atmosfera melancólica, sufocante e misteriosa.</b> O inverno rigoroso e escuro, agravado pelos canais enregelados que atravessam toda cidade de Amsterdã, acompanha os personagens durante toda a história, mantendo-os confinados aos <b>espaços privados</b> e escondendo seus <b>segredos e infelicidades.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Jessie Burton evidencia com sua obra a <b>opressão daquela época</b>. Seus personagens, aprisionados a papeis sociais limitadores, ainda que tentem manter as aparências, estão sufocando, incapazes de vir à tona, sendo inclusive frequentes no livro alusões a afogamentos e submersões. <b>Nem mesmo o dinheiro parece ser uma proteção confiável nessa sociedade</b> em que o único destino da mulher parece ser o casamento, o único destino do negro parece ser a escravidão e o único destino do pobre parece ser a servidão. Até mesmos dos homens se exige a heterossexualidade e a submissão aos ditames da Igreja Calvinista. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há alguns <b>elementos fantásticos</b> no livro, concentrados na figura do miniaturista, mas seu foco é o pensamento e a realidade de uma época, ficando evidente na escrita elegante e detalhada de Jessie Burton a <b>extensa pesquisa histórica</b> feita. A casa de bonecas que aparece na capa está inclusive em um museu na Holanda e realmente pertenceu a uma mulher chamada Petronella Oortman. Todo o resto, porém, é ficção.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000;">Resumindo:</span></b> Apesar de Miniaturista vir <b>agradando muitos leitores ao redor de todo o mundo</b> e ter ganho <b>importantes prêmios literários</b>, infelizmente não posso afirmar que essa leitura tenha me arrebatado. Os personagens, todos eles extremamente infelizes, me pareceram antipáticos ou desinteressantes, especialmente a protagonista. Os diálogos e as tramas envolvendo o comércio me pareceram excessivos e entediantes. E o mistério do miniaturista revela-se uma grande decepção. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E o maior de todos os defeitos do livro, ao menos para mim, é a escritora ter feito um perfeito retrato de uma sociedade conservadora e religiosa do Século XVII, ter escolhido uma protagonista ingênua de apenas dezoito anos, e ainda assim ter dado a ela a mentalidade de uma cosmopolita jovem do Século XXI, que aceita comportamentos revolucionários e discrepantes dos padrões morais e religiosos com uma assombrosa naturalidade. Teria sido bem mais convincente se Nella fosse uma viajante do tempo.<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/TfIVRTXT2R4" width="480"></iframe><br /></div>
</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<b><span style="color: #990000;">Onde comprar livros: </span></b><br />
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<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-44197549005857529672016-04-02T14:50:00.001-03:002016-04-07T07:06:21.142-03:005 Motivos para Ler Poética, de Ana Cristina Cesar<br />
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-ynQRF4A65v0/Vv_yS-DIapI/AAAAAAAABKs/RNMd5TiodhQiLWdInuZpc3kVn-iNBidLQ/s1600/Po%25C3%25A9tica.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://2.bp.blogspot.com/-ynQRF4A65v0/Vv_yS-DIapI/AAAAAAAABKs/RNMd5TiodhQiLWdInuZpc3kVn-iNBidLQ/s320/Po%25C3%25A9tica.jpg" width="212" /></a><br />
<b><span style="color: #990000;">Título:</span> Poética</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Escritora: </span></b><b>Ana Cristina Cesar (1952-1983) (Brasil)</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Ano de Publicação:</span> 2013</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Editora: </span>Companhia das Letras</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Páginas:</span> 504</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Gênero:</span> Poesia</b><br />
<b style="text-align: justify;"><span style="color: #990000;">Nota:</span><span style="color: magenta;"> </span></b><span style="color: red;">♥ ♥ </span><span style="color: red;">♥ </span><span style="color: red;">♥</span><br />
<div>
<span style="color: red;"><br /></span></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<b>1. Ana C. derruba o mito de que existe uma interpretação "certa".</b><br />
<br />
Quem disse que existe uma interpretação certa e várias interpretações erradas para um poema?<br />
<br />
Aprendemos na escola, quando somos preparados para o vestibular, a desconfiar de nossas interpretações dos textos literários, até porque elas estão, segundo o professor, frequentemente erradas<br />
<br />
Ana C. nos convida a fazer o movimento contrário. Ela inspira o resgate da intuição e do sentimento. Ela nos pede para deixar a racionalidade de lado, apenas por alguns instantes. Os poemas dela parecem ser à prova de interpretações únicas, tamanha é sua fragmentação, sua desestruturação. Cada leitor levará dela apenas o que faz sentido para ele mesmo.<br />
<a name='more'></a><br />
Essa edição da Companhia das Letras traz, ao final, alguns textos sobre a obra de Ana Cristina Cesar. Dentre eles está um de Silviano Santiago chamado "Singular e "Anônimo", em que ele afirma que interpretar um poema de forma única é criar um simulacro e assassiná-lo.<br />
<br />
<b>2. Ana C. é intimista e confessional.</b><br />
<br />
A obra de Ana C. está repleta de referências a cartas, diários e conversas íntimas. Tudo nela soa extremamente pessoal, cru e visceral.<br />
<blockquote class="tr_bq">
"Acordei com coceira no hímen. No bidê com espelhinho examinei o local. Não surpreendi indícios de moléstia. Meus olhos leigos na certa não percebem que um rouge a mais tem significado a mais. Passei pomada branda até que a pele (rugosa e murcha) ficasse brilhante. Com essa murcharam igualmente meus projetos de ir de bicicleta à ponta do Arpoador. O selim poderia reavivar a irritação. Em vez decidi me dedicar à leitura". (Arpejos, Cenas de Abril, p. 26).</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
"faz três semanas<br />
espero<br />
depois da novela sem falta<br />
um telefonema<br />
de algum ponto<br />
perdido<br />
do país" (Inéditos e Dispersos, p. 239)</blockquote>
Em "Poética", fragmentos de cenas cotidianas, relacionamentos conturbados e sexualidade oscilam entre o tom confessional e a ficção, deixando no leitor a sensação de estar olhando a vida da poeta por um buraco de fechadura, incerto acerca do que é real e do que é imaginado.<br />
<br />
<b>3. Ana C. dialoga com o leitor.</b><br />
<br />
Apesar do tom confessional e intimista de "Poética", o leitor nunca consegue perder de vista que está diante de uma obra literária.<br />
<br />
Ana C. brinca todo o tempo com seu leitor, fazendo um jogo de mostra-esconde e questionando a interpretação que ele está fazendo de sua obra.<br />
<blockquote class="tr_bq">
"Fica difícil fazer literatura tendo Gil como leitor. Ele lê para desvendar mistérios e faz perguntas capciosas, pensando que cada verso oculta sintomas, segredos biográficos. Não perdoa o hermetismo. Não se confessa os próprios sentimentos. Já Mary me lê toda como literatura pura, e não entende as referências diretas" (Correspondência Completa, p. 50).</blockquote>
São comuns alterações súbitas no eu-lírico, que se é inicialmente um homem, pode virar uma mulher; que se inicialmente é singular, pode tornar-se plural. Ana C. parece desafiar o leitor a encontrar em sua obra os limites entre forma e conteúdo, entre poesia e poeta, entre literatura e vida.<br />
<blockquote class="tr_bq">
É para você que escrevo, hipócrita. Para você - sou eu que te sacudo pelos ombros e grito verdades nos ouvidos, no último momento. Me jogo a teus pés inteiramente grata (...) (Inéditos e Dispersos, p. 245)</blockquote>
<b>4. Ana C. é enigmática e misteriosa.</b><br />
<br />
Ana C. constantemente utiliza, em sua obra, imagens de chaves e cadeados. Usa também a palavra francesa "clé", que significa chave, resposta ou solução (para um enigma ou problema).<br />
<br />
E, mais uma vez, voltamos ao olhar através do buraco de fechadura, à brincadeira de mostra-esconde e ao desafio.<br />
<br />
Qual é, afinal, a chave para a poesia de Ana C.?<br />
<br />
" (...) a literatura como clé, forma cifrada de falar da paixão que não pode<br />
ser nomeada (como numa carta fluente e "objetiva").<br />
a chave, a origem da literatura<br />
o inconfessável toma forma, deseja tomar forma, vira forma (...)" (Inéditos e Dispersos, p. 237)<br />
<br />
<b>5. Ana C. é uma poeta marginal</b><br />
<br />
Ana C. faz parte de um movimento literário bastante particular: a poesia marginal da década de 70. Em meio ao clima repressivo da Ditadura Militar, esses jovens acadêmicos questionaram intensamente as formas até então impostas, a rigidez literária.<br />
<br />
Inspirada por ícones da literatura modernista, como Gertrude Stein e Katherine Mansfield, por poetas que revolucionaram o gênero com seus versos livres, como Emily Dickinson e Walt Whitman, e pelos músicos do improvisado jazz, como Billie Holliday, Ana C. misturou forma e conteúdo, tornando-os indiscerníveis, e criou uma poesia fragmentada, sem métrica ou rimas, mas de uma beleza e doçura ímpares.<br />
<br />
Em "Poética", o intimista e o confessional são também herméticos e misteriosos, combinação que tornou Ana Cristina César uma poeta única e à frente de seu tempo.<br />
<br />
<b><span style="color: #990000;">Vídeo no YouTube:</span></b><br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/wL5wkjZLYW8" width="480"></iframe><br /></div>
<div style="text-align: center;">
<b><span style="color: #990000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: center;">
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<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #990000; font-weight: bold;"><br /></span></div>
<b><div style="text-align: center;">
<b><span style="color: #990000;"><iframe frameborder="0" marginheight="0" marginwidth="0" scrolling="no" src="https://ws-na.amazon-adsystem.com/widgets/q?ServiceVersion=20070822&OneJS=1&Operation=GetAdHtml&MarketPlace=BR&source=ac&ref=qf_sp_asin_til&ad_type=product_link&tracking_id=maquinalivra-20&marketplace=amazon&region=BR&placement=8535923624&asins=8535923624&linkId=E4XZMBGXE3DWXENF&show_border=false&link_opens_in_new_window=true" style="height: 240px; width: 120px;"></iframe></span></b></div>
</b></div>
</div>
Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-26450668340121501422016-03-25T20:36:00.001-03:002016-03-25T20:36:04.054-03:00Sobre o Projeto Leia Mulheres<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/40JtI-oVYoQ" width="480"></iframe></div>
Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-18566927345371020572016-03-19T18:23:00.003-03:002016-03-19T18:23:32.930-03:00Vídeo-Resenha: Queria Ver Você Feliz, Adriana Falcão<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/uCckSdC3aNw" width="480"></iframe></div>
Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-76772511321751480342016-03-06T11:29:00.003-03:002016-03-06T11:29:53.054-03:00Leituras de Fevereiro (em vídeo)<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/oa-tNAxGMb0" width="480"></iframe></div>
Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-10019567119995630872016-02-17T18:37:00.004-03:002016-02-21T16:48:58.377-03:00Vencedores do Sorteio de Aniversário<br />
<b>Chegou a hora de anunciar os vencedores do sorteio!</b><br />
<br />
Quem ganhou o kit de Neil Gaiman foi <b>Sabrina Meireles Pereira:</b><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-jVdaEOf2MvQ/VsTnJdvws5I/AAAAAAAABGg/91xJZxiP73s/s1600/Sorteio%2B-%2BGaiman%2B-%2BRandom.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://2.bp.blogspot.com/-jVdaEOf2MvQ/VsTnJdvws5I/AAAAAAAABGg/91xJZxiP73s/s200/Sorteio%2B-%2BGaiman%2B-%2BRandom.png" width="178" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-8u0ojiEg41w/VsTnJfOuxwI/AAAAAAAABGk/CcgTIbIvRwM/s1600/Sorteio%2B-%2BGaiman%2B-%2BTabela.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="99" src="https://1.bp.blogspot.com/-8u0ojiEg41w/VsTnJfOuxwI/AAAAAAAABGk/CcgTIbIvRwM/s640/Sorteio%2B-%2BGaiman%2B-%2BTabela.png" width="640" /></a></div>
<br />
<br />
E quem ganhou o kit de Gillian Flynn foi <b>Dana Santos:</b><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-sBufFDMxRtE/VsoUEujj7BI/AAAAAAAAACQ/F3es6rfCs-U/s1600/Random%2BFlynn.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://1.bp.blogspot.com/-sBufFDMxRtE/VsoUEujj7BI/AAAAAAAAACQ/F3es6rfCs-U/s200/Random%2BFlynn.png" width="181" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-fjNJh5fADik/VsoUDwblkUI/AAAAAAAAACM/pWmVAVU9zqk/s1600/Tabela%2B-%2BFlynn.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="47" src="https://3.bp.blogspot.com/-fjNJh5fADik/VsoUDwblkUI/AAAAAAAAACM/pWmVAVU9zqk/s640/Tabela%2B-%2BFlynn.png" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<b>Parabéns aos vencedores! Entrarei em contato por e-mail para o envio do endereço de entrega.</b><br />
<b><br /></b>Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-72855991209308303922016-02-13T11:03:00.001-03:002016-02-13T11:03:35.007-03:00Minhas Leituras de 2015 em Números<br />
Finalmente fiz as estatísticas das minhas leituras de 2015. Foram <b>68 livros</b> lidos, sendo:<br />
<br />
<b><span style="color: #990000;">Quanto ao gênero do escritor:</span></b><br />
<ul>
<li>Mulheres: <b>30</b></li>
<li>Homens: <b>38</b></li>
</ul>
<b><span style="color: #990000;">Quanto à nacionalidade do escritor:</span></b><br />
<ul style="text-align: start;">
<li>Brasil: <b>5</b></li>
<li>Dinamarca: <b>1</b></li>
<li>Inglaterra: <b>18</b></li>
<li>Estados Unidos: <b>27</b></li>
<li>Irlanda: <b>1</b></li>
<li>Japão: <b>6</b></li>
<li>Chile: <b>1</b></li>
<li>Moçambique: <b>1</b></li>
<li>França: <b>3</b></li>
<li>Alemanha:<b> 1</b></li>
<li>Canadá: <b>2</b></li>
<li>Austrália: <b>1</b></li>
<li>Taiwan/China: <b>1<a name='more'></a></b></li>
</ul>
<div style="text-align: justify;">
Ou seja, apesar de todos os meus esforços, acabei lendo, em mais um ano, mais escritores homens que mulheres. Mas pelo menos dessa vez o placar foi mais equilibrado. Esses números mostram também como o mercado editoral é dominado por escritores de língua inglesa, especialmente americanos e ingleses. <br />
<b><span style="color: #990000;"><br /></span></b>
<b><span style="color: #990000;">Meta para 2016:</span></b> ler mais mulheres e ler mais escritores de línguas não inglesas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
E aqui segue a lista das minhas melhores leituras de 2015:<br />
<ul>
<li>Mrs Dalloway, Virginia Woolf (<a href="https://youtu.be/tf2rh7g_AmM" rel="nofollow" target="_blank">vídeo resenha</a>) </li>
<li>Hamlet, Shakespeare (<a href="https://youtu.be/LHfe9gZucaU" rel="nofollow" target="_blank">vídeo resenha</a>) </li>
<li>Macbeth, Shakespeare (<a href="https://youtu.be/0Kjdoj2iOOY" rel="nofollow" target="_blank">vídeo resenha</a>) </li>
<li>Bonequinha de Luxo, Truman Capote (<a href="https://youtu.be/vb4ypPjb-xU" rel="nofollow" target="_blank">vídeo resenha</a>) (<a href="http://maquiadanalivraria.blogspot.com.br/2015/04/bonequinha-de-luxo-truman-capote.html" rel="nofollow" target="_blank">resenha escrita</a>)</li>
<li>Um Rio Chamado Tempo, uma Casa Chamada Terra, Mia Couto (<a href="https://youtu.be/8B2ZBPYO2OI" rel="nofollow" target="_blank">vídeo resenha</a>) (<a href="http://maquiadanalivraria.blogspot.com.br/2015/05/um-rio-chamado-tempo-uma-casa-chamada.html" rel="nofollow" target="_blank">resenha escrita</a>)</li>
<li>Lady Susan, Jane Austen (<a href="https://youtu.be/XLHTOlKlRew" rel="nofollow" target="_blank">vídeo resenha</a>) (<a href="http://maquiadanalivraria.blogspot.com.br/2015/07/lady-susan-jane-austen-sem-spoilers.html" rel="nofollow" target="_blank">resenha escrita</a>)</li>
<li>A Menina Submersa, Caitlin R. Kiernan (<a href="https://youtu.be/ruudRjJ68E8" rel="nofollow" target="_blank">vídeo-resenha</a>) (<a href="http://maquiadanalivraria.blogspot.com.br/2015/07/a-menina-submersa-caitlin-r-kieran-sem.html" rel="nofollow" target="_blank">resenha escrita</a>)</li>
<li>Laranja Mecânica, Anthony Burgess (<a href="https://youtu.be/GdKVAngH70Y" rel="nofollow" target="_blank">vídeo-resenha</a>)</li>
<li>Antes do Baile Verde, Lygia Fagundes Telles (<a href="https://youtu.be/GdKVAngH70Y" rel="nofollow" target="_blank">vídeo-resenha</a>)</li>
<li>Por Lugares Incríveis, Jeniffer Niven (<a href="https://youtu.be/IeNkhUfj2hI" rel="nofollow" target="_blank">vídeo-resenha</a>)</li>
<li>O Vermelho e o Negro, Stendhal (<a href="https://youtu.be/al17rrjPCmk" rel="nofollow" target="_blank">vídeo resenha</a>) </li>
<li>O Oceano no Fim do Caminho, Neil Gaiman (<a href="https://youtu.be/N2pLPlwqow8" rel="nofollow" target="_blank">vídeo resenha</a>) </li>
<li>Franny e Zooye, J.D. Salinger (<a href="https://youtu.be/C49jdsRahyo" rel="nofollow" target="_blank">vídeo-resenha</a>)</li>
<li>Agência de Detetives Holísticos Dirk Gently, Douglas Adams (<a href="https://youtu.be/xa2KIDUAdnE" rel="nofollow" target="_blank">vídeo-resenha</a>)</li>
</ul>
Vídeo em que falo das minhas melhores leituras de 2015:<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/GPuDMpR44X4" width="480"></iframe></div>
Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-15209805979593136382016-01-31T10:03:00.000-03:002016-02-16T15:27:19.790-03:00Sorteio: Aniversário do Maquiada na Livraria!!!<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Maquiada na Livraria está comemorando 2 anos de existência e, em parceria com a Editora Intrínseca, está sorteando 5 livros em dois blocos:</div>
<br />
<ul>
<li style="text-align: justify;">Gillian Flynn: Garota Exemplar, Objetos Cortantes e Lugares Escuros</li>
<li style="text-align: justify;">Neil Gaiman: O Oceano no Fim do Caminho e Os Filhos de Anansi</li>
</ul>
<span style="text-align: justify;">As inscrições são só para quem reside no Brasil e vão até o dia 15/02/2016. </span><br />
<span style="text-align: justify;"><br /></span>
<span style="text-align: justify;">Boa sorte! =D</span><br />
<span style="text-align: justify;"><br /></span>
<span style="text-align: justify;">[Update: 16/02/1987]: Sorteio encerrado! </span><br />
<span style="text-align: justify;"><br /></span>
<span style="text-align: justify;">Os ganhadores serão anunciados no dia 17/02/2016, aqui no blog.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-64857813289112559592016-01-18T19:09:00.000-03:002016-01-18T19:17:50.711-03:00Filme: Anomalisa, 2015<br />
<div>
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-Fc8sRs9gj-M/Vp1R3fgt71I/AAAAAAAABEQ/qRQTsoNK5_o/s1600/Anomalisa_poster.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-Fc8sRs9gj-M/Vp1R3fgt71I/AAAAAAAABEQ/qRQTsoNK5_o/s320/Anomalisa_poster.jpg" style="cursor: move;" width="216" /></a></div>
<b><span style="color: #660000;">Título: Anomalisa</span></b><br />
<div>
<b><span style="color: #660000;">Diretores: Duke Johnson e Charlie Kaufman</span></b></div>
<div>
<b><span style="color: #660000;">Gênero: Animação, Drama</span></b></div>
<div>
<b><span style="color: #660000;">Ano: 2015</span></b></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<b>"Desde que lemos seu livro, a produtividade subiu 90%!". </b></div>
<div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Essa é a frase que Michael Stone, escritor do "livro do momento" sobre atendimento ao cliente, mais escuta em sua viagem de negócios. E imediatamente estranhamos que o personagem principal de "Anomalisa", um <b>homem triste, abatido e grosseiro</b>, possa oferecer conselhos sobre agradar os clientes e aumentar o número de vendas. Esse é só um dos aparentes paradoxos dessa animação pós-moderna. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em "Anomalisa", acompanhamos Michael Stone no avião, no aeroporto, no hotel, no local de sua palestra, e finalmente de volta em sua casa. E logo percebemos que há algo de muito errado com ele. <b>Incapaz de estabelecer um contato real com outros seres humanos</b>, Michael parece irritar-se com tudo o que falam, querendo livrar-se deles o mais rápido possível. Mas, ironicamente, Michael não parece confortável nem mesmo em sua própria companhia, já que assim que fica sozinho, sente-se solitário e começa a telefonar para algumas das pessoas que conhece.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
O isolamento do personagem é acentuado por um recurso muito interessante: enquanto Michael é dublado pelo britânico David Thewlis, <b>todos os outros personagens</b>, com uma única exceção da qual já falarei, <b>são dublados por Tom Noonan, incluindo as mulheres</b>. Outra curiosidade é que o nome do hotel onde Michael está hospedado é "Fregoli", o nome de uma síndrome em que o portador acredita que diferentes pessoas são uma mesma, disfarçada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O fato de os personagens serem tão semelhantes a <b>bonecos ventríloquos</b>, sendo visíveis inclusive suas linhas de encaixe, reforça essa sensação de artificialidade que Michael parece sentir todo o tempo. Em uma das cenas mais enigmáticas do filme, ele se olha no espelho e todo o seu rosto treme, parecendo prestes a desmontar e mostrar o que há (ou não há) por baixo. O que interrompe o processo é a voz de Lisa, dublada por Jeniffer Jason Leigh, Podemos ver o alívio e a alegria estampados no rosto de Michael quando exclama "someone else!" (outra pessoa), ao contrário de "everyone else" (todos os outros). </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas apesar de Lisa ser um sopro de vida, uma esperança, com sua voz melodiosa e diferente, a artificialidade permanece, e <b>é com grande incômodo que assistimos uma cena de sexo entre os dois personagens</b>. É nítido o desconforto dos personagens com seus próprios corpos e suas próprias ações. E ao mesmo tempo nos identificamos com o que está acontecendo ali, com aquela tentativa quase ingênua de intimidade, ainda que pareça forçada. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Anomalisa" parece nos dizer que <b>Michael é um fruto de seu tempo.</b> Alguém capaz de escrever um livro sobre como tratar clientes bem e aumentar a produtividade, mas incapaz de segurar a mão de outra pessoa; alguém que dispõe de uma vida extremamente confortável, mas que não é feliz com nada do que tem; alguém que procura uma alma gêmea, mas descarta-a assim que vê que ela fala com a boca cheia. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Será que o <b>mundo pós-moderno e a sociedade de consumo</b> nos transformaram em coisas? Coisas que sentem, mas que seriam mais produtivas se não sentissem; coisas que são bem sucedidas apenas quando vendem a si mesmas como um desejável produto de consumo; coisas que enxergam outras pessoas também como coisas, descartáveis pelo mais ínfimo defeito. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-17706013414349425142016-01-16T13:41:00.003-03:002016-02-13T11:03:54.261-03:00Melhores Leituras de 2015 <br />
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/GPuDMpR44X4" width="480"></iframe></div>
Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-10535509939636653982015-11-12T16:32:00.000-03:002015-11-12T16:32:12.526-03:00Quarup, Antônio Callado (Projeto 1964 Nunca Mais)<br />
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-KrZyW-YGu90/VjYRHfKGEGI/AAAAAAAABAY/IAIhdeEl-Oo/s1600/QUARUP_1230921029P.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-KrZyW-YGu90/VjYRHfKGEGI/AAAAAAAABAY/IAIhdeEl-Oo/s1600/QUARUP_1230921029P.jpg" /></a><br />
<b><span style="color: #990000;">Título:</span> Quarup</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Escritor: </span></b><b>Antônio Callado (Brasil)</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Ano de Publicação:</span> 1967</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Editora: </span>José Olympio</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Páginas:</span> 574</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Gênero:</span> Drama, Romance, História</b><br />
<b style="text-align: justify;"><span style="color: #990000;">Nota:</span><span style="color: magenta;"> </span></b><span style="color: red;">♥ ♥ </span><span style="color: red;">♥ </span><br />
<span style="color: red;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Li Quarup, do brasileiro Antônio Callado, para o Projeto Lendo a Ditatura / 1964 Nunca Mais, cujos detalhes podem ser obtidos clicando <a href="http://lendoaditadura.blogspot.com.br/" rel="nofollow" target="_blank">aqui</a>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Essa é uma <b>obra de fôlego</b>, contendo quase 600 páginas que acompanham a história do Brasil <b>desde 1954</b>, ano em que Getúlio Vargas morre, <b>até pouco mais de 1964</b>, quando a ditadura militar tem início. Ler essa obra tão grandiosa é voltar os olhos para o passado, buscando compreender o futuro do Brasil, o que se encaixa como um luva no nosso atual momento histórico.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quarup é o livro mais famoso de Antônio Callado. É uma <b>obra politicamente engajada</b>, que discute a<b> identidade do Brasil</b> enquanto país, enquanto nação. Seu protagonista, o padre Nando, é uma <b>metáfora para todo o povo brasileiro</b>, em sua constante busca por objetivos, por definições e por valores. Em muitos aspectos, por suas grandes ambições, Quarup me lembrou Viva o Povo Brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro. Quarup, contudo, é uma obra mais voltada para a realidade política do Brasil, enquanto Viva o Povo Brasileiro foca mais nas questões sociais e raciais.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: justify;">
Na primeira parte do livro somos apresentamos a Nando, um <b>padre idealista</b> cujo maior sonho é educar os <b>índios do Xingu</b>, na região da Amazônia. Nando é fascinado pela ideia de um ser humano em seu estado natural, sem as corrupções advindas da vida em sociedade, e acredita que as <b>missões jesuítas</b> criadas no sul do Brasil, na época colonial, foram o ponto alto de nossa história. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É com esse objetivo que Nando vai até o Rio de Janeiro, obter do <b>SPI (Serviço de Proteção ao Índio)</b>, o embrião da atual <b>FUNAI</b>, uma autorização para instalar-se no Xingu. Aí transcorre a segunda parte do livro. O <b>Rio de Janeiro</b> que Antônio Callado nos apresenta aqui é repleto de <b>corrupção e nepotismo</b>. Há uma <b>elite inconsequente</b>, que abusa da droga do momento: o <b>lança-perfume</b>, um derivado do éter. É nesse clima de carnaval e alegria que Nando vai deixando suas preocupações de lado. Até mesmo seu voto de castidade vai aos poucos deixando de fazer sentido. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A terceira parte do livro, minha favorita, é dedicada ao Xingu e aos índios, e é quando os valores e ideais de Nando são realmente colocados à prova. Aqui descobrimos o significado de <b>Quarup</b>, um ritual indígena em que os mortos são simbolizados por troncos de madeira, que ressuscitam durante os cantos e danças, em celebração aos ancestrais, e ao final são destruídos pelas águas do rio. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um dos personagens mais emblemáticos do livro está nessa terceira parte. É o também idealista <b>Fontoura</b>, que ama os índios e a amazônia mais do que a si mesmo. Suas decepções são tamanhas que ele se torna <b>um pessimista e um alcoólatra</b>. É quando Nando percebe que seus objetivos não serão alcançados no centro do Brasil e que os índios não são sua salvação ou a do Brasil, já que são tão impuros quanto qualquer outro ser humano. O ideal de perfeição de Nando é posto à prova e cai por terra, devorado pelas formigas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A quarta e última parte do livro, que é a mais pertinente ao projeto, acompanha Nando desde que os preparativos do <b>golpe militar</b> até pouco mais de 1964. É aqui que o personagem é torturado, espancado e quase reduzido à insignificância, até que finalmente amadurece, consolida seus ideais e faz sua grande escolha de vida: a luta, junto aos camponeses, pela libertação do Brasil.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um personagem dessa última parte serve como bandeira da luta contra a ditadura: <b>Levindo</b>, um espécie de <b>Che Guevara</b> brasileiro, um homem que viveu e morreu por seus ideais. Era a pureza que Nando tanto tinha buscado, primeiro nos índios e depois em Francisca, o grande amor da sua vida, e que nunca tinha encontrado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O ritual que dá título ao livro ilustra o que acontece com Nando e com o próprio povo brasileiro ao longo de sua história. Os mortos e o passado são revividos, são homenageados, são compreendidos, e são finalmente descartados, para que tenham início um novo tempo, uma nova vida, em que o Brasil deixará de buscar soluções para os seus problemas em um passado idealizado e irreal e voltará seus olhos para um futuro melhor e mais brilhante. </div>
Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-18119886244841005082015-11-01T08:16:00.001-03:002015-11-01T08:18:15.475-03:00João & Maria, Neil Gaiman e Lorenzo Mattotti<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-q-sZnMjogsw/VjXp9JJlRVI/AAAAAAAABAI/cYr43TeBANI/s1600/Jo%25C3%25A3o%2Be%2BMaria%252C%2BNeil%2BGaiman.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-q-sZnMjogsw/VjXp9JJlRVI/AAAAAAAABAI/cYr43TeBANI/s320/Jo%25C3%25A3o%2Be%2BMaria%252C%2BNeil%2BGaiman.jpg" width="226" /></a></div>
<b><span style="color: #990000;">Título:</span> João & Maria</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Título Original:</span> Hansel & Gretel</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Escritor: </span></b><b>Neil Gaiman (Inglaterra)</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Ilustrador:</span> Lorenzo Mattotti (Itália)</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Ano de Publicação:</span> 2015</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Editora: </span>Intrínseca</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Páginas:</span> 56</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Gênero:</span> Infantil, Contos de Fada</b><br />
<b style="text-align: justify;"><span style="color: #990000;">Nota:</span><span style="color: magenta;"> </span></b><span style="color: red;">♥ ♥ </span><span style="color: red;">♥ </span><span style="color: red;">♥</span><br />
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A história de <b>João e Maria</b> faz parte da tradição oral popular há séculos e foi contada e recontada para gerações e gerações de crianças e adultos em todo o mundo. Estamos tão familiarizados com a narrativa que por vezes nos surpreendemos com a afirmação de que um de seus principais temas é o<b> canibalismo</b>.</div>
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Essa versão de Neil Gaiman é bastante fiel à <b>versão original dos irmãos Grimm, de 1812</b>. A principal diferença é que o conto dos Grimm é mais enxuto e a narrativa mais seca. Já Gaiman transforma o conto em uma pequena história, acrescentando diálogos e descrições dos ambientes. O resultado é uma narrativa que traga o leitor, envolvendo-o completamente em seu universo mágico.</div>
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<a name='more'></a></div>
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Os <b>elementos sombrios</b> do conto, que Gaiman pouco modificou, estão todos presentes, mas com algumas adaptações que tornam a narrativa ainda mais misteriosa e macabra. A bruxa do original, por exemplo, é na versão de Gaiman apenas uma velha senhora, que a princípio parece muito simpática, preocupada somente em saciar a fome que as pobres crianças estão sentindo. Por outro lado, Maria é mantida presa à mesa da cozinha por uma corrente de ferro, o que não está presente no conto original.</div>
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As <b>ilustrações de Lorenzo Mattotti</b> contribuem para criar um universo ainda mais sombrio, já que são todas em preto e branco e fazem um jogo de iluminação que só permite que o leitor veja alguns pontos do desenho, ficando o restante a cargo de sua própria imaginação.</div>
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Aqui, como na versão de 1812 dos Grimm, o pai parece reticente em abandonar as crianças na floresta, mas é convencido pela mãe, já que a família dificilmente sobreviveria se tivesse que alimentar quatro pessoas ao invés de duas. Daí porque muitos acreditam que a história de João e Maria surgiu durante a <b>grande fome de 1315</b>, que gerou o abandono de muitas crianças e até mesmo o canibalismo. Posteriormente, nas versões posteriores dos Grimm, a figura da mãe vai se tornando ainda mais cruel, até que se transforma em uma madastra que é a única responsável pelo abandono das crianças. </div>
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João e Maria (no original Hansel e Gretel) são protagonistas que agradam crianças (e adultos) de todo o mundo justamente porque são indefesos, inocentes e injustiçados, mas ao mesmo tempo são espertos, fortes e corajosos, capazes de enfrentar qualquer adversidade ou desafio, mesmo que impostos por seus próprios pais. E nada sacia nosso mais nosso apetite pela justiça quanto o desfecho reservado para a bruxa. <br />
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<b><span style="color: #990000;">Vídeo sobre os Contos Originais dos Irmãos Grimm:</span></b><br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/tiL50eqvSIM" width="480"></iframe></div>
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Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-54302304818371411452015-10-03T20:42:00.003-03:002015-10-03T20:42:58.054-03:00A Mágica da Arrumação, Marie Kondo<br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/Ern6Erq14wM" width="480"></iframe></div>
Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-87036613793107821882015-09-28T21:35:00.000-03:002015-09-28T21:35:17.034-03:00Pequenas Grandes Mentiras, Liane Moriarty<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-dPwlZtWbGFM/VgleFgAb6AI/AAAAAAAAA_g/ZIM8A3xgFqI/s1600/Baixar-Livro-Pequenas-Grandes-Mentiras-Liane-Moriarty-em-PDF-ePub-e-Mobi.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-dPwlZtWbGFM/VgleFgAb6AI/AAAAAAAAA_g/ZIM8A3xgFqI/s320/Baixar-Livro-Pequenas-Grandes-Mentiras-Liane-Moriarty-em-PDF-ePub-e-Mobi.jpg" width="220" /></a></div>
<b><span style="color: #990000;">Título:</span> Pequenas Grandes Mentiras</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Título Original:</span> Big Little Lies</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Escritora: </span></b><b>Liane Moriarty (Estados Unidos)</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Ano de Publicação:</span> 2013</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Editora: </span>Intrínseca</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Páginas:</span> 400</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Gênero:</span> Drama</b><br />
<b style="text-align: justify;"><span style="color: #990000;">Nota:</span><span style="color: magenta;"> </span></b><span style="color: red;">♥ ♥</span><br />
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No primeiro capítulo de Pequenas Grandes Mentiras ocorre um misterioso crime. A história volta então no tempo e passamos a acompanhar a vida de três mulheres de classe média cujos filhos estão no jardim de infância: Celeste, Madeline e Jane. Uma amizade rapidamente forma-se entre elas e vamos aos poucos descobrindo seus segredos, que culminarão na morte de um dos pais da escola.</div>
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Pequenas Grandes Mentiras é um livro que possui <b>temas extremamente atuais:</b> violência doméstica e familiar contra a mulher, os novos arranjos familiares que se formam após os divórcios, violência sexual e bullying. É um livro que parece querer falar de tudo que é <b>polêmico</b>. As tais pequenas grandes mentiras do título são justamente as tentativas das protagonistas de esconder seus problemas, levando o que, ao menos na aparência, são vidas perfeitas.</div>
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<a name='more'></a><br />
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Em muitos aspectos, essa obra da Liane Moriarty lembra as séries de televisão americanas ou as novelas. Duas logo me vem à cabeça: Pretty Little Liars e Desperate Housewifes. A forma como a história é contada remete mais um roteiro do que a um livro. É possível até mesmo imaginar os cenários, as locações, os figurinos, as atrizes que farão os papeis principais e em que momento cada episódio acabará. Aqui não faltam revelações, ganchos dramáticos ou momentos de clímax.</div>
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Pequenas Grandes Mentiras funciona, portanto, muito bem como entretenimento. A leitura é rápida e bastante visual. A linguagem é extremamente simples. Os temas, apesar de controversos, não chegam a ser aprofundados, funcionando mais para caracterizar os personagens. Assim, Celeste é a mãe belíssima e rica que esconde um grande segredo, Jane é a mãe jovem com um passado misterioso e Madeline é a mãe perua e divertida que está enfrentando problemas familiares. </div>
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Há alguns momentos verdadeiramente inspirados no livro, a exemplo das cenas no café Blue Blues e as conversas trocadas entre Celeste e a psicóloga. mas a verdade é que dificilmente alguém que sofra bullying ou violência física ou sexual encontrará aqui algum consolo ou ajuda. O que certamente não faltará, contudo, é uma boa dose de drama para os leitores que o apreciam. São especificamente 400 páginas de conflitos e crises. </div>
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Infelizmente, Pequenas Grandes Mentiras não entrou para os meus gêneros literários favoritos. Quando quero ler algo leve e despretensioso, prefiro um romance que me faça suspirar. Só acompanho histórias superficialmente dramáticas nas séries, nas novelas e nos filmes. Minha favorita atualmente é uma série americana chamada Mistresses. Mas se esse é seu tipo de livro, então fica a dica ; )</div>
</div>
Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-48727263763678695202015-08-20T10:57:00.000-03:002015-08-20T11:04:33.673-03:00Ganhador do Sorteio: Estação Onze<br />
Parabéns ao ganhador do sorteio! E uma boa leitura! ; )<br />
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<a href="http://1.bp.blogspot.com/-ny2U8nLcAEc/VdXcIpa89QI/AAAAAAAAA-U/cZ2HpyO2_qU/s1600/Random.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-ny2U8nLcAEc/VdXcIpa89QI/AAAAAAAAA-U/cZ2HpyO2_qU/s320/Random.png" width="287" /></a></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-moM4AR0mDMA/VdXcIk_yATI/AAAAAAAAA-Y/i05Z00kgdOg/s1600/Ganhador.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="232" src="http://2.bp.blogspot.com/-moM4AR0mDMA/VdXcIk_yATI/AAAAAAAAA-Y/i05Z00kgdOg/s640/Ganhador.png" width="640" /></a></div>
<br />Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-1033728083649961532015-08-06T19:05:00.002-03:002015-08-20T10:57:37.553-03:00Sorteio: Estação Onze, Emily St. John Mandel<br />
Esse sorteio foi encerrado no dia 20/08/2015.<br />
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Clique <a href="http://maquiadanalivraria.blogspot.com.br/2015/08/ganhador-do-sorteio-estacao-onze.html" rel="nofollow" target="_blank">aqui</a> para descobrir quem foi o ganhador.<br />
<br />Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-6131725607667737002015-07-30T21:10:00.000-03:002015-08-02T22:51:38.169-03:00A Menina Submersa, Caitlin R. Kiernan (sem spoilers)<br />
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-7oxWr63bL6w/VbqfGALHd0I/AAAAAAAAA80/1yFG5rcdHMA/s1600/A_MENINA_SUBMERSA_MEMORIAS_1430859976369594SK1430859976B.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-7oxWr63bL6w/VbqfGALHd0I/AAAAAAAAA80/1yFG5rcdHMA/s1600/A_MENINA_SUBMERSA_MEMORIAS_1430859976369594SK1430859976B.jpg" /></a><br />
<b><span style="color: #990000;">Título:</span> A Menina Submersa</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Título Original:</span> The Drawning Girl</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Escritora: </span></b><b>Caitlin R. Kiernan (Estados Unidos)</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Ano de Publicação:</span> 2012</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Editora: </span>Darkside</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Páginas:</span> 320</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Gênero:</span> Terror, Fantasia</b><br />
<b style="text-align: justify;"><span style="color: #990000;">Nota:</span><span style="color: magenta;"> </span></b><span style="color: red;">♥ ♥ ♥ </span><span style="color: red;">♥ </span><span style="color: red;">♥</span><br />
<span style="color: red;"><br /></span>
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<b>A Menina Submersa</b> é um livro diferente de tudo o que eu já li até hoje. Até mesmo pensar numa sinopse para esse livro é um tarefa difícil. O que posso dizer para aqueles que ainda não leram o livro é que a protagonista, Imp (India Morgan Phelps), é portadora de <b>esquizofrenia paranoide</b> desde a infância. Sua saúde mental é mantida à base de medicamentos. A história do livro é contada em primeira pessoa, pela perspectiva de Imp, e a todo tempo questionamos o que é real e o que não é. Imp é uma das narradoras <b>menos confiáveis</b> que já encontrei na literatura, mas ela é sempre honesta acerca de suas dúvidas (ao contrário da narradora de "A Outra Volta do Parafuso", por exemplo). Esse é um livro que envolve uma <b>fantasia mais sombria</b>, um espécie de <b>terror psicológico</b>, que mistura elementos de <b>contos de fada</b> com <b>fantasmas</b> e <b>sereias</b>. Afinal, o que Imp viu? Uma <b>sereia</b> ou um<b> lobisomem</b>? </div>
<div style="text-align: justify;">
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<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: justify;">
Não tenho dúvida alguma de que A Menina Submersa é um livro que não agradará todas as pessoas. Esse livro foi escrito para quem gosta de <b>questionamentos acerca da realidade</b>, acerca do quanto podemos confiar em nossos próprios pensamentos, em nossa própria memória. É um livro sobre a fragilidade e a inconfiabilidade da mente humana. Venceu diversos prêmios literários, incluindo o Bram Stoker, por seu <b>estilo inovador</b>. Imp nos conta, desde as primeiras páginas, que está escrevendo seu "livro de fantasmas" apenas para ela mesma e é exatamente isso que nos faz sentir dentro de sua mente. Ela mente, ela se contradiz, ela se confunde, ela confessa suas mentiras e incertezas, e nós vivenciamos seu relato como se ele fosse mais real justamente por isso. Durante a leitura às vezes sentimos que estamos lendo o diário de alguém, algo privado e secreto, e às vezes Imp conversa conosco, nos tornando cúmplices de sua história e de sua vida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-aVRT1wLumd0/Vbq2PgndfsI/AAAAAAAAA9E/dXkEzrNKpNA/s1600/A%2BMenina%2BSubmersa.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-aVRT1wLumd0/Vbq2PgndfsI/AAAAAAAAA9E/dXkEzrNKpNA/s1600/A%2BMenina%2BSubmersa.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A Menina Submersa</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
A história de A Menina Submersa ergue-se sobre dois principais pilares. O primeiro é um quadro fictício chamado <b>"A Menina Submersa"</b> e que causa grande impacto sobre Imp. A partir desse quadro surge o tema das <b>sereias</b>. É especialmente relevante para a narrativa uma referência a <b>Odisseia, de Homero</b>, na cena em que Ulisses se amarra ao mastro de um navio e coloca cera de abelha nos ouvidos da tripulação para que não seja tragado para o fundo do mar por conta do canto das sereias. </div>
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<br /></div>
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O segundo pilar de A Menina Submersa é outro quadro fictício chamado <b>"Fecunda Ratis"</b>, a partir do qual surge o tema dos contos de fada, principalmente Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tudo em A Menina Submersa acaba convergindo para esses dois principais pilares numa narrativa quase circular, já que uma memória ou um pensamento de Imp eventualmente volta para um desses dois pontos inicias. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-7gfJs41_D3E/Vbq5KLMuCpI/AAAAAAAAA9U/jdM-eL9vj1w/s1600/fecundaratis1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="256" src="http://2.bp.blogspot.com/-7gfJs41_D3E/Vbq5KLMuCpI/AAAAAAAAA9U/jdM-eL9vj1w/s320/fecundaratis1.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fecunda Ratis</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
A Menina Submersa é repleto de <b>referências contemporâneas</b> a livros, a escritores, a filmes, a quadros e a músicas e aqui, mais uma vez, tudo converge para os dois grandes temas que eu mencionei. Uma das melhores coisas de ler A Menina Submersa é ir juntando as peças do quebra-cabeça que é a mente de Imp, tentando entender como tudo aquilo se encaixa. Esse definitivamente não é um livro que oferece respostas prontas para o leitor.</div>
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<br /></div>
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O terror explorado nessa obra é muito mais psicológico do que real. O mundo a que Imp está confinada, que é sua própria mente, é extremamente sombrio e perturbador, mas muito disso passa por sua loucura, por sua mente inquieta e não confiável. E as imagens macabras que atormentam e assombram Imp permanecem conosco da mesma forma que permanecem com ela. A Menina Submersa expande o gênero terror de forma extremamente criativa e inovadora, mostrando que a mente humana pode ser tão assustadora quanto qualquer monstro ou assombração. </div>
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É uma leitura que eu recomendo para todos que gostam de ser desafiados, que adoram questionamentos acerca do que é ou não real e sabem que nem tudo na vida pode ser explicado. <br />
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<b><span style="color: #990000;">Vídeo no YouTube:</span></b><br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/ruudRjJ68E8" width="480"></iframe></div>
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Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-73112676418180318962015-07-09T11:50:00.001-03:002015-07-09T11:50:46.718-03:00Lady Susan, Jane Austen (sem spoilers)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-eZ96VUS523c/VZ58_lmCJzI/AAAAAAAAA8I/scw8RoB9z5M/s1600/Lady%2BSusan.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-eZ96VUS523c/VZ58_lmCJzI/AAAAAAAAA8I/scw8RoB9z5M/s320/Lady%2BSusan.jpg" title="Lady Susan" width="222" /></a></div>
<b><span style="color: #990000;">Título:</span> Lady Susan</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Escritora: </span></b><b>Jane Austen (Inglaterra)</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Ano de Publicação:</span> 1871</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Editora: </span>Pedrazul</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Páginas:</span> 111</b><br />
<b style="text-align: justify;"><span style="color: #990000;">Nota:</span><span style="color: magenta;"> </span></b><span style="color: red;">♥ ♥ ♥ </span><span style="color: red;">♥ </span><span style="color: red;">♥</span><br />
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Lady Susan é uma viúva de 35 anos cuja ambição é arranjar um bom casamento para si mesma e outro para sua filha, Frederica. Considerada por todos bela, educada e sofisticada, Lady Susan esconde uma personalidade extremamente sagaz e manipuladora, que não hesita em fazer o necessário para chegar onde quer. </div>
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<br /></div>
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Quem acompanha o canal e o blog há um tempo sabe que Jane Austen é minha escritora favorita. Como já tinha lido seus seis romances principais, iniciei a leitura de Lady Susan reticente, morrendo de medo de me decepcionar. Felizmente, fui mais uma vez surpreendida pela genialidade de Jane Austen, já que Lady Susan é uma história extremamente inteligente, que tece fortes críticas à Inglaterra do Século XIX. E o que mais surpreende é saber que Jane Austen escreveu essa história antes dos seus 20 anos!</div>
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<a name='more'></a></div>
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Lady Susan é escrito na <b>forma epistolar</b>, ou seja, na forma de cartas que os personagens trocam entre si. Esse foi um gênero narrativo com o qual Jane Austen brincou no início de sua carreira como escritora, mas que abandonou com a maturidade, muito provavelmente por conta da limitação de estar sempre presa a um ponto de vista. Prova disso é que o último capítulo de Lady Susan, a conclusão, foi escrito em terceira pessoa, no famoso estilo pelo qual Jane Austen ficou conhecida. Assim, aqui não encontramos diálogos (salvo quando transcritos nas cartas) e nem as típicas pitadas de ironia ao longo do texto, mas encontramos algo muito interessante: <b>o ponto de vista, em primeira pessoa, de Lady Susan</b>. </div>
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<br /></div>
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<b>Lady Susan</b>, a personagem principal desse livro, é definitivamente uma <b>anti-heroína</b>. Por um lado, admiramos <b>sua inteligência, sua sagacidade e sua vivacidade</b>. É, sem dúvida, uma personagem <b>divertida e bem humorada</b>. Por outro lado, desprezamos sua <b>moral distorcida</b>, sempre voltada para o que é conveniente e útil para si mesma. É uma personagem que<b> seduz as pessoas</b>, especialmente os homens, com sua fala articulada, sua beleza e suas boas maneiras, mas que esconde, com muita esperteza, uma índole insensível e às vezes má.</div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<i>Se tenho alguma vaidade, é de minha eloquência. O comando da linguagem acarreta consideração e estima com a mesma certeza que a admiração companha a beleza. E eu aqui tenho bastante oportunidade para exercitar meu talento, já que a maior parte do tempo é dedicada a conversas.</i></blockquote>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<i>Ah! Que deleite observar as variações de sua atitude enquanto eu falava, ver o embate entre a ternura que ressurgia e os resquícios de desprazer. <u>Há algo de agradável em sentimentos que podem ser manipulados com tamanha facilidade</u>.</i></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
Com Lady Susan, Jane Austen critica a <b>sociedade de aparências</b> em que vivia, onde pessoas mal intencionadas, desde que se portassem bem, eram aceitas e bem vistas por todos. É uma sociedade que valoriza apenas qualidades externas, tais como beleza e eloquência, mas que pouco se importa com o que as pessoas verdadeiramente são por dentro. É um tema que Jane Austen volta a trabalhar em <b>Mansfield Park</b>, romance em que sua bondosa e madura protagonista, Fanny Price, é completamente obscurecida por Mary Crawford e sua personalidade mais vívida e encantadora. <b>Lady Susan parece ser quase um esboço do que viria a ser Mary Crawford</b>.</div>
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<br /></div>
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Confesso que <b>uma pulga ficou atrás da minha orelha</b> durante a leitura. Essa forma de Jane Austen de apresentar suas anti-heroínas como mulheres inteligentes, interessantes e divertidas não pode indicar uma certa ambivalência da própria escritora quanto ao tema? Será que no fundo Jane Austen não inveja e admirava essas mulheres sem escrúpulos, que não tinham medo de correr atrás do que queriam, mesmo que socialmente escondessem isso? Faz sentido, já que a própria Jane Austen sofreu muito por ser mulher, por ser escritora e por ter optado por nunca se casar. Seria natural que ela inconscientemente invejasse essas mulheres que transitavam tão bem entre as expectativas sociais e o que elas realmente queriam. Ou talvez ela quisesse mostrar para os leitores como essas anti-heroínas são, de fato, sedutoras, atraindo-os ela mesma com sua personagem. </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Como em todo bom clássico, algumas coisas ficam em aberto em Lady Susan. A obra não se esgota nunca e possibilita ao leitor várias interpretações quanto às intenções de Jane Austen. Lady Susan é um convite à releitura</b>. </div>
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<br /></div>
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<span style="color: #990000;"><b>Vídeo no YouTube:</b></span></div>
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<br /></div>
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/XLHTOlKlRew" width="480"></iframe></div>
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<br /></div>
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Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-81246157819293419742015-07-04T13:02:00.000-03:002015-07-04T13:02:16.665-03:00The Shakespeare TAG<br />
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/aHCXgHQhNG4" width="480"></iframe><br /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Enquanto a criatura aqui não senta a bunda na cadeira para escrever uma resenha, segue uma TAG criada pela Aline Aimée, do blog e canal <a href="http://www.little-doll-house.com/" rel="nofollow" target="_blank">Litte Doll House</a>. O nome da TAG é "The Shakespeare TAG" e é uma homenagem ao aniversário de Shakespeare. Vocês sabiam que ele nasceu e morreu na mesma data? Coincidência interessante, né? O objetivo da TAG é relacionar falas das peças de Shakespeare com livros da sua estante.</div>
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<br /></div>
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Posso taguear pessoas? Eu quero! Vou taguear:</div>
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</div>
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: justify;">
- Cláudia, do <a href="http://amulherqueamalivros.blogs.sapo.pt/" rel="nofollow" target="_blank">A Mulher que Ama Livros</a>.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Tati, do <a href="http://nopaisdasentrelinhas.blogspot.com.br/" rel="nofollow" target="_blank">País das Entrelinhas</a>.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Michelle, do <a href="http://resumodopera.blogspot.com.br/" rel="nofollow" target="_blank">Resumo da Ópera</a>. Você responde TAGs, Michelle? Fiquei em dúvida... </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Henri, do <a href="http://ensaiosobreh.blogspot.com.br/" rel="nofollow" target="_blank">Ensaio sobre a Inconstância</a>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Gabi, do <a href="https://www.youtube.com/channel/UCjF7Y9Rpv9tgOqZPfwX4C9Q" rel="nofollow" target="_blank">Discos Livros e Nada Mais</a>.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Gabi, do <a href="https://www.youtube.com/user/Viverpraler" rel="nofollow" target="_blank">Viver para Ler</a>.</div>
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<br /></div>
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- Claire, do canal <a href="https://www.youtube.com/user/ClaireScorzi" rel="nofollow" target="_blank">Claire Scorzi</a>.</div>
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<br /></div>
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As perguntas são:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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1. "Há algo de podre no reino da Dinamarca". (Hamlet) - Um livro de mistério/suspense favorito.</div>
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<br /></div>
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2. "A vida (...) é uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, sem sentido algum". (Macbeth) - Livro absurdo ou sobre uma situação absurda, sem sentido.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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3. "Podes crer-me que nada tão feliz me deixa como possuir um coração que não se esquece dos amigos". (Ricardo II) - Um livro sobre amizade.</div>
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<br /></div>
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4. "O lunático, o amante e o poeta são compostos tão somente de imaginação". (Sonho de uma Noite de Verão) - Um livro muito criativo ou original.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
5. "O resto é silêncio". (Hamlet) - Um livro que te deixou sem palavras, assoberbado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
6. "O que é a honra? Uma palavra. O que há nessa palavra honra? Vento." (Henrique IV) - Um livro questionador ou com um personagem questionador.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
7. "O mundo inteiro é um palco</div>
<div style="text-align: justify;">
E todos os homens e mulheres</div>
<div style="text-align: justify;">
Não passam de meros atores.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eles entram e saem de cena</div>
<div style="text-align: justify;">
E cada um no seu tempo</div>
<div style="text-align: justify;">
Representa diversos papéis". (Como Gostais) - Uma peça favorita.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
8. "A concisão é a alma do argumento". (Hamlet) - Um livro curto, mas intenso.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: start;">
<br /></div>
Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-55535157007351903092015-06-27T11:44:00.000-03:002015-06-27T11:46:04.936-03:00Os 10 Melhores Filmes de Maio (e os 2 Piores)<br />
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/sNeTpqbJAO4" width="480"></iframe></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Quem lê o blog acompanha o canal? Quem acompanha o canal lê o blog? Na dúvida vou deixar aqui o link para o vídeo em que falo um pouco sobre os filmes e séries que eu assisti em maio desse ano. Como foram muitos filmes, selecionei os <b>10 melhores filmes do mês</b>, os <b>2 piores filmes do mês</b> e falei rapidinho das séries no final do vídeo. Para ver a lista de todos os filmes que vi em maio, <a href="http://maquiadanalivraria.blogspot.com.br/2015/06/resumo-de-maio-de-2015.html" rel="nofollow" target="_blank">clique aqui</a>.</div>
Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2644624464061338174.post-47060728008837739512015-06-22T11:09:00.000-03:002015-06-22T11:10:00.162-03:00Resenhe, se puder: Três Vidas, de Gertrude Stein<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-UAsf4BnIw8A/VYgJxGREGMI/AAAAAAAAA6g/YcA0r3Jnk6E/s1600/tres_vidas_gde.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-UAsf4BnIw8A/VYgJxGREGMI/AAAAAAAAA6g/YcA0r3Jnk6E/s1600/tres_vidas_gde.jpg" /></a></div>
<b><span style="color: #990000;">Título:</span> Três Vidas</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Escritora: </span></b><b>Gertrude Stein (Estados Unidos)</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Ano de Publicação:</span> 1909</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Editora: </span>Cosac Naify</b><br />
<b><span style="color: #990000;">Páginas:</span> 241</b><br />
<b style="text-align: justify;"><span style="color: #990000;">Nota:</span><span style="color: magenta;"> </span></b><span style="color: red;">♥ ♥ ♥</span><br />
<span style="color: red;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Em "Três Vidas", da escritora norte-americana Gertrude Stein, somos apresentados a <b>três diferentes mulheres</b>, que dão nome aos três contos que compõem o livro: "A boa Anna", "Melanctha" e "A gentil Lena".<br />
<br />
Todas a histórias acontecem em Baltimore, nos Estados Unidos. As protagonistas têm em comum a <b>pobreza</b> e a <b>exclusão social</b>. Anna e Lena são imigrantes alemãs que ganham a vida como criadas e Melanctha é uma mulata com um histórico familiar complicado que vive de pequenos trabalhos informais. As três sofrem <b>preconceito</b> e uma grande <b>opressão social</b>, seja por conta de sua sexualidade (Anna é homossexual e Melanctha é bissexual), seja por conta de sua origem pobre. As três também encontram finais semelhantes.<br />
<a name='more'></a><br />
Se falar sobre "Três Vidas" já é complicado, então fazer uma resenha sobre ele é quase uma tarefa impossível. Mas vou explicar melhor o porquê disso (ou vou tentar, pelo menos).<br />
<br />
Lembram dessa poesia Carlos Drummond de Andrade?<br />
<blockquote class="tr_bq">
<i>No meio do caminho tinha uma pedra<br />tinha uma pedra no meio do caminho<br />tinha uma pedra<br />no meio do caminho tinha uma pedra.<br />Nunca me esquecerei desse acontecimento<br />na vida de minhas retinas tão fatigadas.<br />Nunca me esquecerei que no meio do caminho<br />tinha uma pedra<br />tinha uma pedra no meio do caminho<br />no meio do caminho tinha uma pedra.</i></blockquote>
Pois é. A frase mais famosa de Gertrude Stein segue esse mesmo caminho:<br />
<blockquote class="tr_bq">
<i>Rosa é uma rosa é uma rosa é uma rosa.</i></blockquote>
Do mesmo jeito que é impossível interpretar essa poesia de Drummond sem compreender o contexto em que ela foi escrita, por que ela foi escrita e por quem ela foi escrita, é impossível interpretar "Três Vidas", principalmente o conto "Melanctha", sem compreender que Gertrude Stein é um dos grandes nomes do <b>Modernismo</b> e que uma de suas características marcantes é a <b>revolução da forma literária</b>.<br />
<br />
Assim, encontramos no texto de Gertrude Stein frases como: <i>"Melanctha tentara assumir o vício, mas não tinha interesse suficiente" (pág. 87)</i> e <i>"Melanctha tentara beber, mas não tinha interesse suficiente</i>" (pág. 88); <i>"Interessava-se pela vida de seus companheiros de cor"</i> (pág. 91) e <i>"Gostava de ajudar seus companheiros de cor"</i> (pág. 73). <b>Essa repetição das frases, com pequenas variações, permeia todo o livro</b> e um leitor desavisado talvez possa achar que está ficando louco. <b>Gertrude, com sua escrita, questiona o próprio ato de escrever.</b> Os artifícios da linguagem e o impacto das frases saem de cena e fica apenas a ideia, o retrato, a essência.<br />
<br />
<b>Em "Três Vidas" a forma parece ter mais importância que o conteúdo.</b> Gertrude preocupa-se tanto com o questionamento da linguagem que as histórias contadas ficam em segundo plano. O que o leitor encontra, portanto, é um <b>livro formalmente incômodo</b> e cuidadosamente estripado de emoções. Confesso que essa leitura foi um exercício curioso, mas não muito interessante. <br />
<br /></div>
Eduarda Sampaiohttp://www.blogger.com/profile/02484958594434859075noreply@blogger.com5